labaredas realmente ameaçadoras; a segunda república, em França, caminhava a passos lentos para uma restauração monárquica, extinguindo-se o fermento socialista de seus primeiros tempos; não tinha Nuñes Machado o entusiasmo dos exaltados que agiam em Pernambuco. A única ideia aventada quando a luta rebentou, a nacionalização do comércio de retalho, valia por uma involução, retrogradando séculos para os períodos do isolamento colonial. É fácil a previsão post factum, mas é apenas justo reconhecer que Joaquim Nabuco tem razão declarando que a revolução praieira houvera podido ser evitada se tivesse havido mais prestígio e energia no presidente do Estado, Herculano Ferreira Penna; o novo presidente da província possuía uma série de qualidades intelectuais e morais, notáveis em épocas normais, insuficientes, porém, em períodos agitados como eram os que precederam a revolução. Já a Praia quisera romper com o governo central, ao ser substituído Chichorro; já apelara para as armas, pensando que o movimento de 1842 do partido liberal poderia renascer, já agora generalizado pelo norte todo. Ora nem com a vizinha Paraíba podiam de fato contar. Chamado por seus correligionários. Nuñes Machado queria evitar a revolução, mas o movimento era geral, popular, e a orientação calma de seus chefes foi tida como verdadeira defecção. Como dizia Paraná, esse digno pernambucano era capaz de todas as coragens menos a de resistir a seus amigos. Mas ao chegar ao Recife, já encontrou a revolta na província toda. E para se justificar da acusação de trahir seu partido, pôs-se à frente de seus amigos. E, entretanto, ao sair do Rio para a província, era entre eles ideia assentada não recorrer a meios materiais. Nuñes Machado tinha o pressentimento do desastre político, quiçá de sua morte. Todo o elemento guabírú lhes era infenso. E a tarefa de os accusar de inimigos do trono e da monarquia, lhes vinha facilitada, nem só por uma longa propaganda anterior, como por ser um dos chefes, ao lado de Nuñes Machado,