Mas o duende, que povoava de alucinações e de temores os cérebros brasileiros, desapareceu no fim do ano; em 27 de novembro, se soube precisamente no Rio do falecimento do cavaleiro-andante do combate contra as monarquias absolutistas, ocorrido em Lisboa a 24 de setembro. Desde 15 de novembro, vinha o Jornal do Commercio publicando notícias que deixavam prever o desenlace fúnebre; a 22, insistiu na proximidade do desfecho, a ponto de, antecipadamente, se espalhar o boato da morte, e, a 28, traziam as informações das folhas europeias sobre o desaparecimento daquele que cingira duas coroas e morria sem nenhuma, por voluntária abdicação de ambas.
Iam mudar de aspecto as lutas no Brasil, mesmo aquelas que os caramurus, apesar de sua evidente derrota, ainda acoroçoavam. Os cabanos, de Pernambuco, degeneravam em bandos depredadores, fanáticos e ignorantes. Antecipação dos "Conselheiros" da Bahia e dos "Monges" do Paraná, Jacuípe, Panelas, o sul de Alagoas, sofreram suas devastações. Só em 1835, após a perda de mais de três mil homens, mortos em combates ou de miséria, sossegaram a esforços do bispo de Pernambuco, D. Marques Perdigão.
No Pará, na cidade mineira de Mariana, e em Cuiabá de Mato Grosso, era o ódio contra o português que provocava as desordens. Algumas foram sérias, e fizeram correr bastante sangue, principalmente nos pontos onde o governo fraqueou e cedeu aos insurgentes, e, assim, promoveu o reacendimento dos tumultos.
Já se fazia sentir, todavia, a profunda e dúplice evolução política. De um lado, como no Pará com o coronel Malcher, explodia uma aspiração republicana, que no extremo oposto do Império, no Rio Grande do sul, ia animar o movimento político mais sério do segundo reinado. De outro, os espíritos verdadeiramente governamentais começavam a compreender que os excessos da oposição que haviam movido a D. Pedro I, e às regências,