se tinham tido o grande mérito de haver fundado os alicerces do governo constitucional e parlamentar, ameaçavam agora, prolongando-se no mesmo tom, acarretar a desintegração da nacionalidade. Intuição da inteligência verdadeiramente superior que foi Bernardo de Vasconcellos. Aguda visão de estadista, que dobrado lhe impunha tal dever, nesse momento angustioso em que o Ato Adicional, indevidamente ampliado, ia tornar-se impulso acelerador das forças separatistas.
Um exército em marcha tem órgãos exploradores do terreno e das tropas que lhe são contrapostas, vanguardas, flanco-guardas, que o orientam e lhe dão segurança. Assim também os agrupamentos partidários. Enquanto lhes não é fixada a frente de combate, incumbem-se as alas das funções de batedores: são antenas que sondam o espaço aberto à ação dos grossos, e determinam o feitio e o alcance do encontro.
Foi o que se deu com os moderados. Durante o período de ameaça restauradora, todo o partido, com todas as forças reunidas, deu o assalto ao absolutismo, onde quer que se revelasse. Após o Ato Adicional, raros perceberam que uma fase nova se tinha iniciado; só depois de morto o duque de Bragança, ante o desbarato dos elementos que, exautorados embora pelo próprio D. Pedro, teimavam em invocar-lhe o nome e o prestígio, compreenderam que estava desguarnecido o reduto ao qual queriam vencer. Na flutuação natural dos combatentes, ante a desaparição do inimigo comum, iam seguindo rumos divergentes as parcelas componentes da coalizão moderada.
Os espíritos de menor agilidade mental continuaram, como verdadeiro anacronismo político, a propugnar uma ordem de cousas cuja razão de ser se havia desvanecido. Foi a maioria, combativa a princípio. Os indecisos oscilavam entre os partidários do governo, sem crítica nem compreensão, e os paladinos da realização de reformas