A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

do que por dogmas inconciliáveis de liberalismo contra conservantismo.

Acentuariam a luta, mais do que uma questão essencial de princípios, as desavenças pessoais entre Feijó e Vasconcellos. Queixas de reais ou supostos agravos deste último, em uma escolha senatorial; ressentimentos de seu espírito sarcástico e pouco propenso ao perdão das injúrias, moveriam a este último. Desprezo do homem absolutamente limpo, que era o padre, pela vida menos abonada de seu contendor pelo primado político; desprezo que uma frase, referida por Eugenio Egas, bem resume: "Penso muito bem quanto ao talento, e muito mal quanto ao caráter. É um livro para ser lido e depois lançado ao fogo".

Uma característica, entretanto, traria o grande ituano, e que Nabuco salienta: o desalento e o pessimismo do revolucionário de boa fé, condenado a governar. Governava com energia, e sem confiança no próprio esforço. As condições que impôs para ser ministro, a correspondência que manteve com amigos e confidentes, tudo confirma o dito de Holanda Cavalcanti, em 1843, três meses antes da morte do padre, de querer este "constantemente achar o país submergido, de não ter esperança em coisa alguma, e tudo pintar com cores negras".

Agravariam esse pendor natural os insultos iniciais da moléstia que o vitimou, a paralisia dos membros inferiores. Proclamado regente a 9 de outubro, só pôde tomar posse a 12, pois a primeira crise do mal se havia manifestado.

Talvez aí, a explicação do vigor, menos sensível no regente do que no antigo ministro. Ainda nesse conjunto de moléstia e de desalento, a razão das hesitações e fraquezas e irresoluções no lidar com desordens, que já não apresentavam apenas aspectos de mera anarquia ou indisciplina ou tendência regressista, mas se revestiam de um nimbo intelectual e social adiantado, tal o caso típico dos farrapos.

A par disto, cultura insuficiente, fora do âmbito do direito eclesiástico; visão menos clara da evolução e dos