A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

destinos do país; pouca maleabilidade no compreender e admitir pareceres divergentes dos seus próprios; predomínio apaixonado de suas afeições e simpatias. Tais senões minguavam seu valor e sua capacidade como governo, principalmente como governo constitucional.

Honestidade absoluta; abnegação ilimitada; amor à pátria, dominador único de seu pensamento e de sua ação; senso profundo da ordem, e paixão por mantê-la; exigindo muito de seus auxiliares, porque de si próprio exigia tudo; desambicioso e nobre; era um modelo de funcionário cumpridor de seus deveres, e exclusivamente inspirado no bem público. Governou com o escopo de reprimir a desordem. Conseguiu, em muitos casos, cumprir essa missão.

Tais os títulos eminentes de sua justa benemerência perante a história. Não lhe pedissem mais, pois não era homem de Estado para cometimentos outros, e não sabia adaptar-se a pontos de vista, sociais ou políticos, novos.

Compreensível, portanto, seu dissídio fundamental com os dous grandes chefes conservadores, Honório e Vasconcellos.

Deste último, o maior louvor está, além do que eloquentemente dizem os atos de sua vida pública, no ódio com que o vituperaram seus antigos companheiros, quando os deixou, em pleno triunfo, para seguir, quase só, o trilho áspero que o conduziria, pela oposição, a fundar o partido conservador. O vazio que deixava não se podia colmar, e bem o evidenciavam a ferocidade e a injustiça das críticas, dos convícios e das calúnias. O lícito a qualquer mortal, em Bernardo era apontado como crime, por seus despeitados adversários.

Honório, temperamento imperioso e dominador, desinteressado e cônscio de seu valor, leal e enérgico, era um chefe nato. Calmo, ajuizava os fatos em meio da mesma tormenta na qual ocorriam; havia provado essa qualidade rara e superior, dentro da mais escrupulosa norma de lealdade, no golpe de 30 de julho de 1832. Altivo, saberia