A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

Geral. Convinha ao governo ter todo o tempo livre para dedicar-se à debelação dos motins do Pará e da contenda que se avizinhava, no Rio Grande, além das dificuldades que se antolhavam ao poder público, nas relações com Roma, nos abusos do tráfico negreiro, e na crise da economia do país.

Quando se estudam os fatos ocorridos na primeira metade do século passado, olvida-se facilmente um dos grandes óbices à pronta execução das ordens do governo: as imensas distâncias a vencer, aumentadas ainda pela raridade e pelo precário das comunicações.

Assim como os diplomatas, antes do telégrafo submarino, forçados a agir com uma autonomia, hoje desconhecida, os agentes do poder central, também, nas longínquas províncias e mais ainda nos períodos de anarquia, precisavam possuir uma personalidade de escol, energia e recursos próprios de decisão. Nem sempre reuniam tais predicados os emissários do governo regencial, e, como consequência, prolongavam-se os distúrbios além do que se poderia esperar.

Pará era um exemplo dessa fraqueza, pensava Feijó, e quis logo agir com a energia requerida pelo caso. A 2 de novembro, baixou o decreto que mandava bloquear os portos daquela província. A 4, outro, diz Eugenio Egas, dispensando subirem à presença imperial as sentenças de morte pronunciadas por crimes cometidos depois de 6 de janeiro de 1835 nas províncias revoltadas; aos militares passíveis da mesma pena, mandava fosse executada; cessaria o regime de rigor quando completamente pacificada a região e restabelecida a ordem.

A 31 de dezembro seguia do Rio para o norte o general Soares de Andréa, nomeado presidente do Pará e comandante das armas. A 10 de janeiro de 1836, partiam dous transportes e um brigue, com mais de dois mil homens de desembarque e a esquadrilha de bloqueio, composta de uma corveta e quatorze barcos menores, com mil homens de tripulação.