A política exterior do Império v. III - Da Regência à queda de Rosas

a tendência liberal, oposta à da maioria governista, francamente conservadora.

Tudo provinha do ilogismo dos quadros partidários, da contradição frequente entre as opiniões individuais de cada membro e as diretrizes públicas do grupo, da "desbragada explosão de ambição do poder" que foi a política da maioridade, na frase dura mas justa de Aurelino Leal. Este último fator foi o que mais perturbou todo o período regencial.

Todos os partidos, menos os raros republicanos, haviam ou conjunta, ou sucessivamente, propugnado o fortalecimento do executivo, e o afastamento das soluções transitórias e interinas. E a competição extrema, nem sempre patriótica, dos candidatos ao governo, só podia ter confirmado tais convicções.

Na luta para o preenchimento do cargo de regente único, Honório e Vasconcellos tinham apoiado Holanda Cavalcanti contra Feijó, pelo receio do excessivo pendor liberal do padre. As interinidades, a fraqueza, portanto, dos ministérios, e, mais elevada, a da própria regência, monarquia interina, haviam sido combatidas pelo terceiro partido, que para corrigir o mal alimentara um momento a ideia, inconstitucional embora, de escolher para o cargo a princesa imperial, antecipando-lhe a idade requerida pela Carta.

O governo de Araujo Lima, caracteristicamente conservador, tinha nos ministros os arautos dessa forte corrente autoritária. Como conciliar com tais precedentes o combate ao suprimento de idade legal do soberano menor? Em meio desta maioria ouviam-se vozes de peso, em favor da medida, que alguns chegavam a aceitar até pela forma revolucionária por que se fez.

A oposição liberal, que, de fato, e por tática de assalto ao poder, se pôs à frente da campanha, tinha velhos campeões da antecipação do governo de D. Pedro II. Pernambuco, na fração que seguia ao futuro visconde de Albuquerque, com Paula Cavalcanti e Holanda, coerentemente