A instrução e o Império - 1º vol.

em princípios sem ordem, sem liga e sem aqueles pontos de contato, que facilitem o conhecimento das verdades e as conservam? Deverá continuar uma instrução estribada em noções imperfeitas das coisas, ou pouco úteis ou supérfluas ou nocivas ao bem da sociedade, e muitas vezes contrária às verdades especulativas e práticas que o gênio e a atividade do homem descobriu, já no vasto campo da natureza já no exame do seu Eu interno? Seguramente não; e é para obviar todos estes inconvenientes com utilidade do soberano, e da pátria, que eu passo a esboçar um plano de uma instrução comum a todos os povos desta capitania (São Paulo), desenvolvendo previamente os princípios que lhe servem de base, e as diversas causas que os motivaram.

Divisão da instrução pública em três partes, deduzida de considerações sobre as diferentes idades do homem, sua capacidade natural, e tempo que ele pode empregar em instruir-se e sobre os serviços de diverso grau que a sociedade exige de seus membros.

1 — Toda a sociedade política mantém-se e prospera pelo serviço de todos aqueles, que a constituem, logo ela deve habilitá-los para este fim; porém, estes serviços sendo de diversos graus de utilidade, e por isso exigindo o esforço, o emprego, já da universalidade de seus membros, já de um menor e muito menor número deles, forçam a sociedade a estabelecer debaixo de uma mesma razão, um sistema de instrução proporcionada aos seus diferentes místeres. Portanto não basta que a sociedade forme homens, releva demais que os conserve e os aperfeiçoe progressivamente; que os ilumine abrindo as portas do templo da verdade, a todas as idades, e fechando a do erro e da ignorância; releva que a alma dos meninos, cultivada pela sabedoria de seus pais,