A instrução e o Império - 1º vol.

das ciências depende a felicidade das monarquias, conservando-se por meio delas a Religião e a Justiça na sua pureza e igualdade; e a que por esta razão foram sempre as mesmas ciências e objeto mais digno do cuidado dos Senhores Reis Meus Predecessores, que com as suas reais providências estabeleceram e animaram os estudos públicos promulgando as leis mais justas... Tendo em consideração outrossim a que sendo o estudo das letras humanas a base de todas as ciências se vê nestes reinos extraordinariamente decaídas daquele auge, em que se achavam, quando as aulas se confiaram aos religiosos jesuítas, em razão de que estes com o escuro e fastidioso método, que introduziram nas escolas destes reinos e seus domínios; e muito mais com a inflexível tenacidade, com que sempre procuraram sustentá-lo contra a evidência das sólidas verdades, que lhe descobriram os defeitos, e os prejuízos de um método, que depois de serem por ele conduzidos a estudantes pelo longo espaço de oito e nove e mais anos, se achavam no fim deles tão ilaqueados nas miudezas da gramática, como destituídos das verdadeiras noções das línguas latina e grega, para nelas falarem; e escreverem sem um tão extraordinário desperdício de tempo, com a mesma facilidade, e pureza, que se tem familiares a todas as outras nações da Europa, que aboliram aquele pernicioso método; dando assim os mesmos religiosos causa necessária a quase total decadência das duas línguas; sem nunca jamais cederem, nem à invencível força do exemplo dos maiores homens de todas as nações civilizadas; nem ao louvável e fervoroso zelo dos muitos varões de exímia erudição que livres das preocupações com que os mesmos religiosos pretenderam alucinar os meus vassalos distraindo-os na dita forma, do progresso