A instrução e o Império - 1º vol.

ensino em nossas escolas. Restava-nos então o expediente de multiplicar o seu número; e uma vez que se tratava de criar escolas novas entendemos que deviamos aproveitar esta ocasião para dilatar nelas a esfera do estudo primário, o que não poderia fazer-se nas atuais, atenta a falta de habilitação da maior parte dos professores para este acréscimo de ensino. A comissão apenas acrescentou mais oito cadeiras: e como a instrução não seja aí inteiramente a primária de que trata a Constituição, e participe igualmente da natureza do ensino secundário, as qualificamos de "escolas intermédias", e exigimos uma módica retribuição da parte dos alunos. Essa retribuição serve menos a retribuir o gravame da despesa do Estado do que a interessar os pais no progresso dos filhos, e a levá-los a auxiliar a criação da escola mais solicitante, o que não acontece quando o ensino é inteiramente gratuito, como a experiência tem provado. Enquanto ao aumento do ordenado dos mestres primários, é uma providência não só de rigorosa justiça, como ditada pela mesma conveniência do ensino. A condição desta classe de professores é miserável; falta-lhes a recompensa suficiente que releve e reabilite a sua posição; falta-lhes o incentivo que os convide ao trabalho sem desanimo, e substitua a sua indiferença pela dedicação. Esse mestre de primeiras letras tão mal remunerado e desprezado exerce funções que não excedem a nenhumas outras em importância; exerce um augusto sacerdócio. Ele é que regula os primeiros sentimentos da criatura humana nesse período da existência, em que as ideias e os hábitos que se adquirem decidem de todo futuro. Ele representa no recinto da escola a autoridade da família; é em suas mãos que os pais depositam os objetos de suas