A instrução e o Império - 1º vol.

e empenhos que nas escolas superiores da Corte tanto facilitam os exames de preparatórios, fazem-se aqui aprovar, e vão concluir em São Paulo com o estudo de história, de retórica e filosofia, como o entendem os examinadores dessa cidade, as suas habilitações para o ingresso no curso jurídico, único fim que almejam alcançar. Daí resulta que, se dotado de mais inteligência ou de maior amor ao trabalho, um ou outro aluno consegue realmente habilitar-se, a máxima parte fica em lamentável atraso, quando, o que naturalmente deve em muitos acontecer, à ignorância não acrescentam insuportável pedantismo. O mal já é tão grave, já tão universal é o reconhecimento dele, que o Governo Imperial deve atender-lhes solícito. Tudo concorre para o estado em que nos achamos, os pais que dele tanto se queixam ainda mais do que os colégios a que exclusivamente o querem atribuir. Ou não há nos pais a convição de que é útil o saber, ou entendem que, por facílimo, o estudo pode conciliar-se com toda a casta de divertimentos e caprichos.

... Mas não; os pais querem que seus filhos estudem, não para ficarem sabendo, mas para entrarem nos Cursos de direito, nas Escolas de Medicina, nas Academias Militar, de Marinha, ou de Comércio. Saber, para que? basta que sejam aprovados. Em balde se lhes dirá que para estudar esses preparatórios são indispensáveis oito anos, e da mais aturada aplicação; para que, dirão eles, para que consumir tanto tempo? para que tanto latim? Em quatro ou cinco anos pode meu filho ficar sabendo, quanto lhe baste de latim, de francês, de inglês, de geografia, de história, de retórica, de filosofia. E o diretor de colégio há de amoldar-se a essa exigência, pois se o não fiser, outros aí estarão prontos para fazê-lo,