A instrução e o Império - 1º vol.

a ser elevada a pensão que exigem; de certo ninguém dirá que é exagerada em cidade de tanta carestia, como o Rio de Janeiro, a pensão de 30$ ou 40$ geralmente adotada. Em honra desses colégios deve aqui declarar que raro é o que não tem, quer externos, quer internos, meninos pobres que assim gratuitamente aproveitem os benefícios de uma boa educação e de uma instrução literária.

Foi-me doloroso ver que ainda mesmo nos melhores colégios o estudo das línguas estrangeiras (francesa e inglesa) merecia mais cuidado do que o da língua e da literatura nacional. Em alguns ostenta-se como grande vantagem o falarem francês e inglês os alunos, posposta à língua nacional, que, em vez de purificar-se, enriquecer-se da primogênita latina, vai-se adulterando esquecida, desdenhada.

Também me afligiu ver geralmente adotado o erro dos que pensam que deve se confiar mais à reflexão e ao raciocínio do menino do que à sua memória o que se lhe quer ensinar. A memória é faculdade que nos nossos colégios pouco ou nenhum exercido tendo, oblitera-se, em vez de desenvolver- se, em dano presente e futuro dos alunos. Poucas lições são decoradas, a não serem as da indigesta e ridícula gramática do Padre Antonio Pereira, quando aliás tão belos trechos dos nossos poetas e prosadores, dos latinos e franceses, poderiam enriquecer a memória do aluno, firmando ao mesmo tempo as regras da gramática, da prosódia e da eloquência.

Devo informar acerca da nacionalidade dos diretores do colégio. Em geral são eles estrangeiros; poucos são brasileiros; alguns franceses, e quase todos portugueses são igualmente portugueses quase todos professores. Parece-me isso de suma gravidade. Um dos cardeais objetos da educação da mocidade