A instrução e o Império - 1º vol.

vezes à ignorância e à inércia o prêmio só devido ao talento e à aplicação. Os professores das Aulas menores, além desta censura, incorrem em outra ainda mais grave: explicam alguns deles, os pontos mais próprios aos estudantes, a quem tem de examinar, havendo-lhes particularmente ensinado por alguns meses matérias, que mal podem aprender-se em todo um ano. Em Olinda, é ainda maior o escândalo: lente já houve que no ano não foi à sua cadeira mais de 20 ou 30 vezes, pretestando moléstia, que aliás o não impediu de se ocupar de outros negócios; dentre os professores do Colégio das Artes tais há, que dando parte de impedido para irem as aulas, ensinam em suas casas, e tem-se animado a anunciar nos periódicos que dão lições particulares das mesmas matérias que são obrigados a professar pública e gratuitamente. Com tais exemplos, não era de esperar que os estudantes fossem submissos às leis, respeitadores dos lentes, e aplicados aos estudos; e se bem que em São Paulo raros fatos de irreverência aos lentes ou infração dos estatutos tenham chegado ao conhecimento do governo, não acontece outro tanto em Olinda, onde por vezes se tem queixado diversos diretores dos estudantes; ainda no ano letivo findo tão desordenado e revoltante foi ali o comportamento de alguns, que forçou o diretor a solicitar autorização para os não matricular no 2º ano, a qual por exorbitante lhe foi negada; mas para não deixar inteiramente impune tão desregrado proceder, se lhe ordenou que enviasse à Secretaria do Estado dos Negócios do Império uma, relação nominal dos indicados estudantes; e que o mesmo praticasse no futuro a respeito de quaisquer outras em idênticas circunstâncias, a fim de ser inteirado a todo o tempo o governo da má conduta deles, os não empregue