A vida dos índios Guaicurus

arte cerâmica dos Guaicurus — no qual havia uma tinta preta-azulada, e, servindo-se, como pincel, de um pedacinho de madeira, mastigado em uma das suas extremidades, meteu-se logo a reproduzir, no couro curtido, os desenhos da carona que mais lhe agradavam.

Aproximando-me mais um pouco, e admiradíssimo, observei que copiava fiel e habilmente o modelo.

Estava longe de imaginar que gostos e disposições artísticas pudessem nascer e desenvolver-se em indivíduos que viviam essa vida bruta e selvagem dos índios, e que, à vista de um desenho de ornamentação, mesmo vulgar, pudessem emocionar-se e fazer brotar um sentido artístico latente.

Observei então, ainda mais atentamente, a tatuagem falsa que levavam as mulheres e que eu podia enxergar de bastante perto; notei, com efeito, que existia nelas um gosto artístico muito caracterizado nos motivos de adornos que utilizavam para se embelezarem, seja o rosto, seja o corpo.

Esta mulher chamava-se "Jhivajhãá".

Tinha sido a primeira mulher — não ousamos dizer a primeira esposa, do Capitãozinho.

Praticava pois, a bigamia o Joãozinho? Ou talvez a poligamia?

É o que mais acima não me atrevi a afirmar.

Uso ou costume sem dúvida generalizado na tribo!

Jhivajhãá também falava um pouco o português. Desde criança havia sido levada ao principal estabelecimento da fazenda do Barranco Branco.

Ali, havia aprendido a falar, e conseguira, vivendo perto e um pouco no meio de brasileiros e outros estrangeiros, assimiliar alguns costumes, expressões e noções que mal quadravam num espírito rude e sem cultura que dificilmente se sujeitava às exigências de uma vida mais civilizada.