CAPÍTULO XVI
JHIVAJHÃÁ
Jhivajháã tinha talvez de 45 a 50 anos. Era pelo menos o que parecia ter. Não tive a indiscrição de lhe perguntar. Supus que as bugres mesmas podiam ter a vaidade de não querer confessar a sua idade.
Sem dúvida, podia também pô-la em dificuldades ou bem obrigá-la a dizer uma pequena mentira, ou antes, a declarar que a ignorava. Era isto, o que de certo, havia de mais provável. Ela, neste caso, não teria sido sozinha em achar-se em apuro tão enfadonho.
O Joãozinho mesmo — supondo que a sua história fosse em todos os pontos exata, história que se lhe ensinou quando já era mocinho — se acharia, de certo, incapaz de dizer-me a data, ou melhor ainda, o ano em que a povoaçãozinha de San Salvador havia sido saqueada pelos índios guaicurus.
Pois, para ele, contando a sua idade desde aquela data, teria pelo menos de 38 a 40 anos; e assim mesmo, mostrava ter muito mais.
Pode-se admitir também que o saque de San Salvador tivesse sido anterior à guerra Paraguaio-brasileira; neste caso, sua idade se aproximaria da que lhe dava a sua fisionomia de varão em plena pujança.