Durante o tempo que chupava a bebida esverdeada e quentíssima, observei que ocorria uma grande agitação acompanhada de vozearia, num rancho imenso, distante de uma dezena de metros deste onde estava, e de onde pareciam sair conversações muito ruidosas, mas com acentos alegres; o que me deixa supor que toda essa pequena povoação que ali estava e vivia concentrada, tripudiava de contentamento.
Lançando um olhar desse lado, vi num girau que ocupava todo o ranchão homens, mulheres e crianças, sentados ou acocorados, uns comendo arroz, outros carne, outros mel; outros ainda chupavam as fibras dos troncos das palmeiras.
Esses troncos haviam sido rachados no sentido do seu comprimento em diversos pedaços, e eu avistava mulheres e crianças, raspando-os nervosamente; uns com uma colher velha, outros, com a folha quebrada de um facão ou com um pedaço de ferro, para tirar um pequeno montão de fibras, com as quais enchiam gulosamente a boca, mastigando-o um instante para lhe espremer todo o doce que continha, e rejeitando logo as fibras esgotadas para recomeçar com uma quantidade de fibras frescamente rasgadas.
Assim todos comiam, aproveitando a abundância que de repente lhes havia chegado.
Essa lambugem devia renovar-se, ao regresso de cada expedição ou caçada que faziam os homens da tribo.
Passada meia hora mais ou menos, apareceu Joãozinho trazendo um churrasco de carne fresca e mandiocas assadas.
Com isso almoçamos. Logo depois, tomamos o mate.
Não pude aproveitar essa oportunidade para conversar com Joãozinho porque ele andava num vai e vem contínuo.