A vida dos índios Guaicurus

apreeensão, contentando-se em ficar à boa distância, somente na defensiva.

Mas, pouco a pouco, à medida que crescia e se desenvolvia a sua mocidade, os anciãos da sua tribo adotiva reconheceram nele as aptidões e as qualiaddes que deviam alguns anos mais tarde fazê-los considerá-lo como um futuro chefe.

Assim, chegou a ser o braço direito do Cacique Guazú-Ãcã e, enfim, Cacique, chefiando uma pequena fração da tribo que, por razões de segurança e também de conveniência material quanto à ocupação dos campos, havia motivado essa cisão.

Este caso vem demonstrar que sem a menor suspeita da existência de ciências que são o privilégio dos povos cultos, os índios as vão praticando. Se para eles, aquelas ciências são anônimas, isto é, se elas não têm nome, se assemelham muito bem ao que chamamos nós "poítica" e "economia política".

Joãozinho, quando ainda muito moço, havia tomado como mulher aquela Jhivajhãá que, agora envelhecida e de quem não teve filhos, foi substituída por outra jovem Guaicuru que já lhe tinha dado três varões.

Elogiou muito sua primeira mulher que, muito corajosa e dedicada,lhe salvou várias vezes a vida, em circunstâncias muito graves e até trágicas, quando a sua nação estava perseguida pelas autoridades policiais de Corumbá e do Estado e da gente do temível e descaridoso Português, seu vizinho.

Eis o que ele me narrou.

E, o que me havia surpreendido nele, à primeira vista, achava aqui, no que acabava de contar-me, a explicação racional e natural.