A vida dos índios Guaicurus

seus serviços na ocasião dos rodeios. Nesses trabalhos, gostavam muito de prestar a sua ajuda, porque havia sempre muito bons churrascos para comer. Sempre carneava-se alguma rês.

Concluído o almoço, Joãozinho mandou buscar dois cavalos. Depois de selados, cada um de nós com a sua clavina, ele um Remington e eu um Winchester, montamos a cavalo e saímos seguidos por três dos seus cachorros, os únicos presentes na hora.

Um deles era tigreiro, ou onceiro segundo parece, como se diz no país, isto é, mestre para caçar onças, os dois outros eram veadeiros, mas corriam também antas e porcadas.

Passamos pela roça grande, onde três ou quatro bugres trabalhavam. Havia um rancho para abrigo, em caso de mau tempo e para pouso à noite, na época de plantar ou de fazer a colheita; muitas mulheres e crianças iam lá para ajudar a tomar parte nestes trabalhos. Depois de um olhar, lançado de um lado e de outro, felicitei o meu companheiro. Ali se via um pouco de tudo, como na roça pequena, perto da aldeia; mas também, na mesma desordem.

Estes coitados não eram capazes de fazer melhor. Quase não têm ferramentas e faltam-lhes os conhecimentos; fazem apenas o que podem e mais ou menos o que viram fazer. Contudo, o pouco que hão de tirar do chão é para eles um grande auxílio.

A terra não é-lhes ingrata. E, em troca do que lhes dão, cultivando-a mal e mal, ficam ainda muito bem pagos. Ela parece sentir e compreender que os seus donos carecem dos dotes necessários, que ignoram tudo das delicadezas e dos carinhos com que ela deve ser tratada, e que, portanto, com a sua imperícia e incompetência, não saberiam tratá-la melhor; mas sente, assim mesmo