A vida dos índios Guaicurus

que lhes dão em cuidados tudo quanto julga estar em poder deles.

Fomos em seguida à trote até a orla de outro mato, bastante extenso.

Apeamos. Atamos os nossos animais e entramos.

Depois de percorrer alguns metros, tivemos a necessidade de abrir uma passagem com o facão. Mas, logo adiante o mato tornou-se mais ralo e mais limpo. Vimos algumas aroeiras de belo tamanho, perobas, cedros e alguns quebrachos vermelhos que os brasileiros da região chamam — não sei porque motivo — "macocos", do mesmo nome que os índios da tribo chaquenha, assim appelidada. Os cachorros, do seu lado, tinham saído caçando desde a nossa entrada no mato, e logo ouvimos os seus latidos. Tinham achado o rastro de algum bicho, — provavelmente, veado mateiro ou cateto — e perseguiam-no sem parecer rebatê-los do nosso lado.

Saímos do mato e esperamos um momento. Os latidos dos cachorros, que pareciam afastar-se, cessaram de vez.

Mais adiante, numa mata mais rala, onde entramos a cavalo, Joãozinho me mostrou dois exemplares de "pão santo". Atravessamos essa mata e, à saída, um grande carandazal apresentou-se à nossa frente.

Atravessamo-lo igualmente. Os cachorros nos tinham alcançado. Onde acabava o carandazal, em frente à nossa direção, começava um grande brejo; porém, o chão era bastante firme, não atolava — era antes um campo muito baixo, no qual pudemos entrar a cavalo para chegar até uma laguna que de longe se enxergava no seu centro. Sem dúvida devíamos encontrar, às suas margens, numerosas aves aquáticas.