A vida dos índios Guaicurus

faz observar que não deveriam comer tudo quanto têm no mesmo dia, respondem: "Y si mañana me muero?".

Também, recorda-me outro caso que muitas vezes tive a oportunidade de observar nos cachorros, sem contudo querer comparar os bugres, a este respeito, ao mais fiel amigo do homem:

Quando numa fazenda se carneia uma rês para o gasto do pessoal, atira-se aos cachorros, sempre numerosos, quantidade de vários pedaços desprezados. Enchem-se a ponto de se afogarem. Mesmo tendo chegado a este estado, mais que cheios, lançam-se ainda sobre os intestinos e o bucho que não se utilizam geralmente e continuam devorando e engolindo tudo quanto os seus olhos — maiores que os seus estômagos — e ajudados dos dentes, lhes permitem tragar. Afinal, chega o momento em que não podem mais engolir o menor pedacinho. Se de novo, porém, se lhes joga algum pedaço, atiram-se a ele; mas, compreendendo que nada mais podem tragar, vão escondê-lo, enterrá-lo em alguma parte, para achá-lo em outro momento.

No entanto, algumas vezes tentam fazer um último esforço para procurar-lhe um lugar. Mas este último pedaço é demais e faz quase sempre transbordar o recipiente que é o estômago.

É verdade que, depois desta demasiada e superabundante alambazada, os coitados ficam uns oito, e talvez até quinze dias sem quase comer nada. É com o sono, e talvez sonhando a abundantes e miríficas alambanzas, que vão aguardando a próxima carneada.

E, nesses intervalos entre duas carneações, temos visto cachorros alimentarem-se somente com milho seco e cru, na hora em que se joga a comida às galinhas e aos porcos da fazenda.

Temos visto cachorros procederem exatamente