A vida dos índios Guaicurus

Acabamos com o chimarrão. Estendo-me na minha rede e aos poucos o sono veio pegar-me.

É, pois, a hora da sesta.

Duas horas mais tarde, um violento trovão vem acodar-me.

Levantei-me. O tempo achava-se completamente escurecido.

Desci da minha rede e saí do rancho.

Do lado do Sul, com um vento violento, anunciava-se uma espécie de pampero, como estes que se veem na Argentina e no Paraguai.

Decerto ele não terá a violência destes que em semelhantes ocasiões se manifestam e rebentam naqueles países.

Mas, apesar disso, com o ímpeto do vento, a chuva poderia cair grossa e com demasiada abundância para nós.

Vi, no mesmo instante, as mulheres e as crianças que ajudavam os homens a recolher precipitadamente a carne e os couros que secavam lá fora.

Era preciso andar rápido e com toda pressa.

Os relâmpagos sucediam-se, e tanto mais aparentes e vivos quanto o céu se havia tornado ainda mais escuro, e raiavam as nuvens negrosas, que o vento soprando já em tufão, transportava com velocidade não inferior a cinquenta a sessenta quilômetros por hora.

O trovão acompanhava a intervalos cada vez mais curtos os relâmpagos fulgurantes que nos anunciavam a vinda rápida do temporal.

A chuva começou a cair em gotas largas.

Eram três horas da tarde.

Voltei a estender-me na rede. Era tudo quanto de melhor podia fazer.