A vida dos índios Guaicurus

E, às suas solicitações, o destacamento pedido — armado até os dentes — foi mandado a sua fazenda Barranco Branco, de onde devia entrar em campanha e sair para castigar de modo exemplar os coitados índios que estavam longe de imaginar a sanguinária e eminente ameaça que se tramava e preparava contra eles.

Empregados do estabelecimento, muito conhecedores dos campos, tanto da fazenda como de toda a região, foram agregados em qualidade de práticos ao destacamento que foi dividido em dois grupos. Um deles, de quinze indivíduos, bem providos de armas e munições, subiu o rio Nabileque em uma chata rebocada por uma pequena lancha a vapor até a fazendinha de Santo Antônio do Nabileque.

Lá eles deviam arranjar cavalos que tomariam na fazenda São João - que era então um retiro do Português - tomando emprestados ou alugando três ou quatro animais na fazenda Santo Antônio para irem buscar os que lhes eram necessários em São João, para montar todos os homens do destacamento.

O outro grupo, compreendendo cerca de quarenta homens, devia seguir montado da fazenda de Barranco Branco, dirigindo-se pelo interior da propriedade, para alcançar o rio Aquidauana, na parte do pantanal onde este começava a perder-se no campo. Para subirem de lá até as aldeias dos Guaicurus, onde o primeiro grupo que foi na chata poderia juntar-se a ele.

O plano havia sido assim combinado no caso em que um alerta fosse dado a uma ou a outra das aldeias antes da chegada dos destacamentos e para impedir que os bugres válidos das duas aldeias pudessem reunir-se e agrupar-se para resistir ao ataque; sabia-se que estavam suficientemente armados e, sobretudo, eram excelentes atiradores.