A vida dos índios Guaicurus

Com vagar ela examinava cuidadosamente, no correr do rumo que seguia, todos os indícios que houvessem podido indicar a passagem de sua gente, e pô-la na via certeira; rumo escolhido de maneira a cortar forçosamente os rastros que ela buscava com tanto cuidado e ardor, com tanta aplicação e insistência.

Havia bem percorrido mais de 18 quilômetros, arriscando-se a cada passo a ser mordida por alguma cobra venenosa, ou ainda cair de repente sobre uma onça, sobre uma daquelas "pintadas" terríveis a qual ela não escaparia, ou sobre um pesado tamanduá-bandeira que podia agarrá-la, apertá-la, até afogá-la.

Das garras possantes e monstruosas do bicho, muito dificilmente teria conseguido escapar-se.

Mas, em todos estes perigos ela não pensava!

E, ainda, esta marcha nos macegões havia sido para ela um suplício.

Os colmos secos, rígidos e duros haviam rasgado a sua tanga, que ficara toda esfarrapada e ensanguetando os seus pés e as suas pernas. Estas, até o joelho e em todo o comprimento das tíbias, apresentavam uma longa chaga viva e sanguinolenta.

Ela andava sempre e aguentava, afrontando a dor, apesar de achar-se apenas no começo de suas fadigas físicas e de suas emoções.

Ela marchava! Uma ideia fixa a sustentava! Seus esforços? Sua lassidão? Nisto ela não pensava.

Ela marchava !

De repente parou....

Num "ríctus" que parecia querer esboçar uma semelhança de sorriso, o seu rosto exprimiu, como num relâmpago