A vida dos índios Guaicurus

Na manhã seguinte — 15 de Janeiro 19... — levantamos muito de madrugada e, feito os nossos preparativos, isto é, prontos nossos pertences bem arrumadinhos, apressamos os bugres para a saída.

Foi pena perdida. Eles não acabavam nunca, e parecia que sentiam muito abandonar Santo Antônio mesmo pelos poucos dias que ia durar a viagem de ida e volta.

A dona da casa e as suas filhas, sempre amáveis, haviam preparado muito depressa um almoço, adiantando três horas a hora habitual dessa primeira refeição — não querendo deixar-nos partir em jejum, embora que, desde a primeira hora do dia nos haviam mandado servir uma excelente xícara de café que desde longos dias eu não tinha provado e de que quase tinha esquecido o sabor.

Os índios tinham decerto percebido os preparativos do almoço fora da hora do costume, e não queriam perdê-lo e naturalmente faziam tudo para atrasar a saída que queríamos precipitar, ignorando o almoço com o qual as donas de casa queriam obsequiar-nos na nossa despedida.

Comemos bastante rápido. Costume velho.

Terminado o repasto, fizemos passar os nossos cavalos ao outro lado do rio, travessia que se realiza a nado; e todos os nossos pertences, bagagens e arreios, carregados numa canoa, foram transportados para a outra margem.

Fomos logo, o meu companheiro e eu, saudar e agradecer às donas da fazenda, e depois de apertar as mãos dos filhos da casa e, conforme o costume, ter-lhes dado um abraço, embarcamos num "cachiveo" (41)Nota do Autor e atravessamos o rio.

Os cavalos estavam lá, amarrados na beirada.