Paramos novamente.
O bugre apeou e, pegando o machado, fez saltar no ar, com alguns golpes, como se fosse a tampa de uma caixa, a parte da macieira que cobria a colméia.
Logo os cinco índios lançaram-se em cima, sequiosos dessa guloseima.
O capitãozinho trouxe-me as mãos cheias dessas pequenas botijas repletas de mel. As formas destas botijas são bastante irregulares. Elas estão unidas entre si, porém não se comunicam sempre. Algumas têm o volume de uma noz de bom tamanho. Outras dir-se-iam pequenos figos, tanto pela forma como pela sua cor castanho escuro, que é a da cera com que as fabricam as abelhas. O mel, excelente, provinha, creio, da abelhazinha chamada no Brasil jataí. Ela é pequena e amarela.
Os bugres guardaram a cera negrusca e a levaram, como toda a parte da colméia constituída pela massa dos poléns das flores - eu ouvi chamar em certos lugares, a "flor", mas não pude saber a que fim estava destinada.
Na República Argentina, os habitantes dos campos, nas províncias de Santiago do Estero, Salta, Tucumán e os do Chaco, na sua parte limítrofe com estas províncias, cuja grande parte é descendente dos índios quíchuas, e de quem falam ainda o idioma, conservam igualmente esta parte da colméia, que fazem fermentar, conseguindo com ela uma bebida alcoolica à qual dão o nome de "aloja", como a outra preparada, também por eles, com a fruta da "algarroba", e com a qual se embriagam as vezes nos dias de festas.
Não sei se os Guaicurus fazem da tal "flor" o mesmo uso, mas eles por certo não desconhecem os efeitos da fermentação das frutas e mesmo do milho.
De novo saímos a cavalo e continuamos a viagem.