É sobretudo nas danças, e principalmente nos bailados guerreiros, que todos aqueles atavios, pelo jogo do contraste, sobressaem mais vistosos; e a impressão que produzem é grande, quando na noite, debaixo das altas árvores copadas, no terreiro, se realizam os bailados, ao lume de fogueiras acesas e ateadas ao redor do acampamento, isto é, da aldeia.
As chamas desses fogos, mais ou menos vivas, vacilantes e intermitentes na sua intensidade, dão uma luz às vezes de uma crueza violenta; às vezes meio apagada e, aos corpos empenados, multicores, agitados em seus movimentos felinos, vivos, rápidos, desconjuntados, deslocados nas suas contorsões grotescas, tomam um aspecto sinistro, satânico, que as caras, sobrepostas, pintadas com ocre vermelho ou urucum, contribuem a tornar mais diabólicas ainda quando um raio de luz ou a chama viva de uma das fogueiras vem a bater-lhes em cheio.
Estas festas duram tanto como os mantimentos e as bebidas.
Algumas vezes, uma semana inteira. As bebidas podem ser fabricadas à medida do seu consumo, até que se acabem os ingredientes.
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Como essa gente não é roída pela ambição, nem pelo orgulho, nem pela inveja e menos ainda pela cupidez que afoga, nas sociedades civilizadas, todos os demais sentimentos generosos e altruístas de que a alma humana é dotada, e como a soberba original é sempre conservada intacta e intimamente fundida no seu amor próprio, os Guaicurus consideram uma fraqueza, uma extrema baixeza submeterem-se às exigências da vida civilizada dos autócnes. Eles os conhecem muito bem e preferem