A vida dos índios Guaicurus

também necessidades, eles sabem procurá-los e prepará-los.

Em geral, nos índios, os chefes das tribos não saberiam explicar as vantagens que encontram em manter-se e em conservar-se na sua vida silvícola, pela ignorância em que se acham da nossa vida — o que os impede de estabelecer na sua mente qualquer comparação —; salvo talvez, por uma parte mínima, no que esta apresenta de mais apreciável para eles Guaicurus, e que têm forçosamente reparado, nas fazendas, onde, permanecem às vezes alguns dias seguidos, — e não saberiam fazer uma exposição capaz de chamar à vida silvícola que levam, alguns imitadores.

Para isso, nunca pensaram em fazer propaganda — meio desconhecido nas aldeias. Mas, se existisse, na mentalidade dos bugres, alguma noção aproximando-se do que conhecemos e praticamos com esse nome, manifestar-se-ia com absoluto desinteresse e com toda sinceridade. O que seria em completa oposição como o que se vê nas sociedades civilizadas, onde só se visam proveitos lucrativos.

A vida é brevíssima. Não obstante, busca-se em vão muitas vezes, e até morrer, uma parcela de felicidade para dar à nossa existência efêmera, ao lado dos numerosos obstáculos que se eriçam diante nós, das dificuldades que nos assaltam e das lutas incessantes as quais obriga o grau de nossa civilização, a compensação a qual julgamos ter direitos. Esta parcela de felicidade só se pode encontrar realmente no contentamento que dão as vantagens adquiridas pela atividade própria de cada um, além das satisfações que procura o cumprimento do dever; ou bem ainda, nessa mesma ordens de ideias, cumprindo atos que os levem com desinteresse e abnegação, a tornar-nos úteis ao próximo e justificando então a razão e a finalidade de nossa presença na grande obra universal do Criador. Refletindo bem, e pelo que presenciava, parecia-me que,