A vida dos índios Guaicurus

O lugar era muito descampado. Nada havia para esconder-nos e poder aproximar-nos sem sermos vistos. Era muito provável que com a nossa presença insólita nesse meio íamos provocar a fuga daqueles bandos de aves, que constituíam a atração da laguna.

Quebrando um pouco à nossa direita, e afastando- nos também um pouco, fomos até alcançar uma pequena árvore de pequeno porte e de copa rala, mas ainda suficiente para dar uma sombrinha aos nossos cavalos.

Apeamos e atamos os animais ao seu pé.

Notava-se ao seu redor uma pequena elevação formada de conchas de caramujos principalmente, que diversas aves, mas sobretudo os carões, vêm comer descansando-se nos galhos da árvore.

Depois de ter atado os cachorros que nos haviam seguido, fomos a pé, com muitos cuidados, para aproximar-nos da laguna.

O que eu desejava sobretudo, e já o tinha pedido a Joãozinho, era matar algumas garças brancas, para lhes tirar as palmas que, para dar de presente, me haviam sido pedidas.

Precisamente, entre diversos outros longipernas, como tuiuiús, cabeças secas, baguaris ou garças móras, viam-se alguns pares de garças brancas, da espécie maior; da menor não havia nenhuma. De onde estávamos, porém, sem mostrar-nos demais, podíamos à vontade admirar as suas longas pernas e os seus longos pescoços armados de um bico muito comprido, que no seu conjunto se refletiam nas águas tranquilas dessa lagoinha, ao mesmo tempo em que os reflexos dos causticantes raios de um sol de verão pelas 4 horas da tarde.

De vez em quando, uma ou outra dessas aves pernaltas, de brancas saias, algumas delas orladas de preto na extremidade de suas asas, mergulhava num movimento