A vida dos índios Guaicurus

Devagar, continuaram a ir por diante.

O meio para se orientarem era agora a fumaça.

Chegados à certa distância e compreendendo que sua aldeia não estava em perigo, nem pelo menos diretamente ameaçada, pararam e aguardaram atrás dos arvoredos.

Esta queimada do campo, neste lugar e depois de intenso tiroteio, os intrigava muito e fazia nascer no seu espírito desassossegado e desconfiado as mais pessimistas conjecturas.

Joãozinho apeou e a pé se foi em reconhecimento. Logo que chegou à vista do campo queimado ao redor do capão, e do capão mesmo, onde o fogo parecia ter entrado um pouco nas beiradas, um estremecimento intenso invadiu-lhe todo o corpo, sacudindo-o terrivelmente.

Joãozinho parecia então haver compreendido! Sem ainda imaginar quem era ou quais eram os dos seus, a quem se havia preparado um tal suplício e quais podiam ser as vítimas tão barbaramente sacrificadas ao ódio, à ira, à vingança de "gente branca civilizada" cujo interesse cupido, unicamente lhes armava o braço.

Interesse quanto mais egoísta, desumano e covarde que estava dirigido e movimentado contra uma fraca tribo de bugres, incapazes de lutar com armas iguais para se defenderem contra os seus agressores, mais poderosos e numerosos; interesse cujo objetivo consistia em matar o maior número de índios e arremessar os que escapassem dos terrenos por eles ocupados, para em seguida tomarem logo posse deles.

Tal era a cupidez inconfessa do poderoso vizinho do Barranco Branco; tais eram os seus processos cruéis e desumanos e suas maquinações maquiavélicas e premeditadas