A vida dos índios Guaicurus

que íamos levar conosco dariam apenas para uma só refeição.

Fiquei muito admirado, mas não me atrevi fazer qualquer reparo nisto. Julguei que Joãozinho sabia o que fazia e que a sua minguada previdência no caso, não nos causaria nenhum privação, e a mais, de qualquer jeito, ele saberia remediar ao que faltasse.

De certo, o bugre é um grande contador e as promessas não lhe são suficientes quando esfomeado e o seu estômago grita por alimento.

Ia esquecer-me do mais importante: do mate. Ao sair de Santo Antônio do Nabileque, tinha-me premunido de dois quilos de erva-mate. Não se havia tocado ainda. Estava guardada num saquinho de couro, espécie de sapicuá que fazia parte integrante dos arreios do meu cavalo. Por isto, a este respeito, não me importava muito que Joãozinho levasse pouco ou muito dessa erva-mate para nossa viagem.

Bem antes da noite, comemos. Era a janta e a ceia. Como de manhã, um pouco de carne, mandioca e milho verde assados.

Eram estas vitualhas que compunham a alimentação mais comum, mas não habitual, de todos os habitantes da aldeia, mas ainda, e muitas vezes, quiçá, a carne faltava — carne de gado — e então era a caça que devia suprir esta falta, com alguns produtos da roça.

Toda a vasta região ocupada pelos índios e ainda muito além, em todas as suas partes limítrofes, era farta de caça de toda classe, grossa e pequena.

Deixando de lado o numeroso gado, tornado arisco e selvagem, que povoava as planícies dos campos, havia os queixados, os catetos, as antas os cervos, e os veados de diversas variedades; a paca cuja carne é excelente, e a