A vida dos índios Guaicurus

do capão, a uma centena de metros do nosso pouso, duas antas que logo no campo tomaram a direção do rio, que neste lugar se achava bastante perto do capão.

Os cachorros continuaram perseguindo-as, mas elas tiveram tempo para alcançar o rio e atirar-se na água. Era para dias a salvação.

Não pudemos, devido à distância, utilizar-nos de nossas armas, quanto mais que os bichos desapareceram na macega e na parte do brejo, onde as ervas eram ainda mais altas.

É bom notar que uma bala penetra dificilmente numa anta, por causa da espessura e da resistência do couro; e para matar o bicho é necessário que seja atingido primeiro numa parte vulnerável e, segundo, onde o couro é mais mole e menos espesso e também de cheio, senão a bala corre risco de resvalar.

Os cachorros continuaram ainda latindo na beira do rio durante momentos, depois vieram juntar-se conosco em nosso acampamento.

Quase no mesmo tempo, os dois bugres que haviam seguido a batida dos cachorros e das antas saíram também do capão e vieram ter conosco.

A sua caçada havia sido bastante proveitosa.

Eles traziam, cada um, dois pequenos sacos de couro cheios de mel, alguns palmitos, um jaboti, um mutum e um catetinho.

Para estrangeiros, europeus, por exemplo, haviam- se amontoado mantimentos nestas poucas horas da manhã — havendo a possibilidade de conservá-los - para mais de quinze dias para cinco pessoas, como éramos.

Para os bugres, porém, quando há abundância, parecem sempre sofrer de bulimia.