A vida dos índios Guaicurus

do mate, acabei estes preparativos e, a rede bem amarrada, deitei-me nela para a sesta.

Os índios conversavam entre si e com o Joãozinho.

Eu não pude entreter-me com eles, senão no que se referia a nossa atividade cinegética que, afinal, para os bugres era o que mais os interessava.

O guaicuru que havia matado o mutum depenou-o e limpou-o.

Fez um espeto e enfiou-o. Depois de arrumar o fogo e de ter puxado ao lado algumas brasas, pôs a assar a sua ave.

Este mutum pesava certamente perto de dois quilos, estava gordo e, derretendo-se a sua gordura, começou a crepitar a medida que caia nas brasas.

Joãozinho, em lugar de dormir, espichou o couro do cervo com a ajuda de varas bastante flexíveis, fixadas em buraquinhos feitos de propósito nas bordas do couro.

Uma meia dúzia de varas um pouco mais compridas que a distância que separava os buracos opostos, onde se fixavam pelas suas extremidades, espichavam o couro em todos os sentidos.

E, exposto assim ao sol do lado do pelo, ou então na sombra, desidratavam-se mais rápido a medida que o couro ficava mais fino.

Em seguida, — e isto para mim, a fim de conservar a cabeça — puxou o couro de atrás para diante, recobrindo o focinho, descarneou-a convenientemente, arrancou os olhos e os miolos e encheu todas as cavidades com cinzas quentes que manteve com tampões de capim.

Nosso trabalho todo estava então concluído e o dia nos assegurava ainda três longas horas antes do anoitecer.