A vida dos índios Guaicurus

Havia sido formalmente assentado que a nossa caçada não levaria mais de dois dias.

Por mim, cuidava que provavelmente teríamos sorte conosco e que o dia de amanhã não se acabaria sem dar ao Capitãozinho toda satisfação.

Fazia esta suposição pelo que havia podido julgar da destreza e, ao mesmo tempo, da prudência que usava em todas as coisas, como na realização de todas as suas ações, até nas menos importantes. Era muito precavido e, direi mesmo, metódico no seu gênero; pois, com tais qualidades, bastaria amanhã descobrir os mais leves indícios da presença nestes imensos campos de alguma manada de gado — gado orelho, gado bravio — para ter a quase certeza de que alcançaria derrubar uma das cabeças da sua composição.

O fogo havia consumido a maior parte do combustível.

Os grossos troncos, atiçados constantemente, chegavam ao seu fim. E, apesar do ponche que me resguardava, mas cuja lã se achava inteiramente carregada de uma poeira de gotinhas pulverizadas devido ao abundante orvalhar, a frescura da noite fazia-se sentir. Retirei-me, dando a boa noite aos meus companheiros bugres e fui espichar-me, na minha rede, debaixo do meu mosquiteiro.

Após a minha partida, um dos bugres levantou-se e foi buscar mais lenha para alimentar o fogo, e, entre eles, a conversação recomeçou, ou melhor, continuou.

Mal me havia deitado e o sono me arrebatou e só de madrugada, quando os primeiros clarões da aurora marcaram no nascente a aproximação do sol, perto da linha do horizonte, despertei do sono ininterrupto no qual, a noite inteira, havia ficado mergulhado.

Acordado, suspendi o mosquiteiro.