A vida dos índios Guaicurus

A sorte nos favorecia; os dias sucediam-se belíssimos, apesar de estarmos na estação das chuvas.

Gozávamos do que se chama aqui, nesta época, um "veranico", por mais que aquele da São Martin já se havia manifestado quase dois meses antes, visto estarmos em janeiro.

A charqueada da carne do boi, 200 quilos certamente, exigiria pelo menos três a quatro horas, o trabalho repartido entre quatro. Era necessário fazê-lo muito rápido, a fim de aproveitar o sol quanto mais tempo possível.

Deste nosso novo acampamento, ao pouso de ontem, havia menos de duas léguas — 12 km. O bugre que ali havia ficado, saindo às dez e meia, chegaria pelo meio-dia, isto é, ainda a tempo para dar-nos uma ajuda proveitosa.

De qualquer modo, estaríamos na obrigação de dormir lá, e não poderíamos deixá-lo senão no dia seguinte, às dez horas o mais cedo.

Assim, para fazer as cinco léguas que nos separavam da aldeia do Tuiuiú, levando, cada um de nós, uma carga de uns sesenta quilos, era materialmente impossível chegar antes do pôr do sol.

Era mais que provado neste caso, que a nossa visita à Aldeia Grande seria malograda e que teríamos de adiá-la por um ou dois dias ainda.

Estas reflexões vinham inteiramente em contradição às que eu fazia apenas duas horas antes.

O trabalho da charqueada efetuava-se bastante rapidamente.

Eu tinha cortado e aprontado dois espetos. Em cada um deles enfiei uma das costelas do boi, e coloquei-as a assar.

Um bugre tinha ido buscar água e colocado a chaleira