A vida dos índios Guaicurus

no fogo. Quando a água ferveu, parou-se a lida para tomar chimarrão e descansar um instante.

Depois recomeçou o trabalho da charqueada, que foi concluído muito antes do que se havia pensado e, portanto, antes da chegada do bugre que se esperava.

Apressamos o fogo e cozedura das costelas como a de algumas raízes de mandioca.

Os bugres que tinham ido buscar o que havia ficado do boi, onde foi esquartejado, haviam trazido o coração, o fígado, os rins com a gordura que os envolvia, a língua e os bofes: eles não haviam esquecido, o que se chama aqui a \"tripa gorda\" que é a parte do intestino delgado chamado jejuno.

É um petisco, um regalo, não tão somente para os bugres mas também para a maior parte dos índios das campanhas.

Apesar de haver aproveitado os principais e melhores pedaços da rês, muitas partes que na aldeia teriam sido aproveitadas foram abandonadas.

Joãozinho exultava. Havia alcançado a realização do seu sonho. Havia derrubado a rês desejada, a peça de valor que cobiçava, sobretudo para a gente de sua aldeia e ao mesmo tempo para a satisfacção do seu amor-próprio.

As costelas estavam prontas e íamos começar o almoço quando chegou o bugre que se esperava.

O seu cavalo estava bastante carregado: uns cinquenta quilos entre carne, couro, cabeça e mais alguns outros objetos.

Depois de descarregar e desarreiar o seu animal, soltou-o e veio almoçar conosco.

Entre eles, os bugres estavam muito loquazes.

[link=19615]Ilustração: Família de índios Guaicurus[link]
[link=19616]Ilustração: Índio Jhivajhââ[link]