A vida dos índios Guaicurus

defeitos demasiado aparentes e todas as imperfeições físicas suscetíveis de serem corrigidas ou atenuadas, onde comparar-se ao ponto de vista moral, à hipocrisia, esforçando-se em dissimular as mentalidades desencaminhadas, a negrura das almas e tudo o que a consciência humana tem de mais ruim e de imperfeito, para dar-se um falso semblante e aparecer ao moral com uma mentalidade que não possui e que é, às vezes em completo desacordo com a que tem realmente.

Nos índios, a pintura do rosto não têm em absoluto este fundo enganador. Nas tribos, todas as mulheres a usam, mas sem se ilusionarem a si mesmas quanto ao seu emprego, com o fito de iludir a outrem. Lá todos se conhecem quase intimamente.

Fora a tatuagem ou a pintura imitando-a, o uso de ocres ou de urucum, não é durável que por alguns dias, com a condição de não lavar-se, ou por algumas horas, o tempo das festas, dos regozijos. Assim mesmo, os homens os empregam também, e certamente é menos para se embelezarem do que com o fim de se comporem uma máscara "ad hoc" em certas ocasiões.

E quanto ao corte de seus vestidos e à escolha dos tecidos não têm, bugras e bugres, os meios de se distinguirem entre eles, pois é no rosto e nas partes descobertas do corpo que devem ser aplicados os ornatos e decorações que lhes darão essa distinção própria que entre estes somente sabem reconhecer o cunho pessoal de cada um deles.

É com as penas multicolores e mais vistosas das aves, das que apresentam as cores mais vivas - araras, papagaios - principalmente que confeccionam e aprontam os seus mais lindos e importantes atavios e enfeites das grandes festas; e com os ocres de tons variados, homens e mulheres tingem-se o corpo e ajuntam esses finos desenhos