A vida dos índios Guaicurus

Com efeito, os Guaicurus tiveram que aguentar muitas perseguições, a miúdo repetidas, e das quais muito sofreram; principalmente e sobretudo nestes sete a oito últimos anos.

Eles mesmos foram para outros silvícolas terríveis perseguidores e também sanguinários e truculentos carrascos.

Nação essencialmente guerreira e composta de excelentes e audaciosos ginetes, atacava a todas as demais tribos que se achavam na sua vizinhança e mesmo, muito a miúdo, levava ainda as suas agressões num raio enorme de mais de cinquenta léguas, ou seja, mais de trezentos quilômetros.

Algumas expedições guerreiras duravam meses.

Eles saqueavam, matavam, roubavam e queimavam as aldeias dos que consideravam seus inimigos, pegando mulheres que levavam consigo quando o caso se apresentava.

A sua existência era a renomada de verdadeiros bandoleiros.

Exerciam e inspiravam o terror entre todas as demais tribos, sobretudo nas mais vizinhas.

Mais tarde, veio o castigo!

Compreenderam-no? Talvez que não.

Certo é, que nessas questões, não refletem, nem raciocinam.

Sofrem, sem pensar, sem compreender, sem imaginar que, talvez seja por castigo, ou mesmo mais simplesmente por represálias — vindas indiretamente — do que antigamente fizeram sofrer a outrem, que hão sido, ao seu turno, vítimas, depois de haver sido os carrascos!

E hoje, pode-se reconhecer, sem receio de equivocarmos, que é pelo sofrimento que lhes causaram as perseguições e vexações de toda sorte que lhes infligiu seu poderoso vizinho que os seus instintos selvagens e demasiado