O rapaz Guaicuru, que desde aquela época era camarada na fazenda, desconfiado, havia tomado cuidado de não se mostrar.
E em razão do pedido de cavalos que fez o chefe do destacamento, logo imaginou que a sua tribo se achava ameaçada de alguma tentativa de ataque e que, surpreendida, ela podia correr grandes riscos.
Na mesma tarde, e logo depois de fechada a tropa dos cavalos no curral, introduziu-se nele, pegou um dos melhores e, sem tomar tempo de selá-lo, o levou um pouco atrás das mangueiras, onde pertinho começava o carandazal, e lá, pulando em cima, penetrou bastante longe na parte mais espessa para não ser visto e achar-se em completa segurança.
Depois, através dos campos, ele procurou alcançar a Aldeia do Niutaque, a aldeia do Capitãozinho, que se achava a mais próxima de São João.
Descreveu um círculo bastante grande para não se arriscar a topar com alguma gente do destacamento, ou mesmo com gente do retiro São João.
As dificuldades que encontrou foram numerosas, e para evitar ou vencer os obstáculos que o obrigava a dar voltas e muitas vezes a andar a passos, ele teve em alguns lugares de abrir uma passagem com machete, o que contribuiu muito a retardar-lhe a marcha.
Diretamente de Santo Antônio ao morro do Niutaque e à Aldeia, calculava-se no máximo 15 quilômetros, mas a volta grande que ele deu, com os obstáculos que atrasaram a sua marcha, duplicaram pelo menos o tempo realmente necessário para fazer diretamente a viagem, isto é, seguindo os trilhos.
Chegou pois, à aldeia de noite e muito tarde. Anunciou-se, para não alarmar a sua gente, pelos habituais meios que os bugres costumavam usar entre si.