A vida dos índios Guaicurus

E nada se achava perto de que pudessem lançar mão e de onde lhes pudesse vir ajuda.

Joãozinho estendeu-a no chão e ficou perto dela.

Mas neste corpo acostumado desde criança a toda sorte de treinamentos e exercícios que exigia a sua vida silvícola, todos os orgãos apresentavam uma resistência tal que, nesses índios, os excessos e todas as fadigas musculares os abatiam raramente.

Para o caso de Jhivajhãã, à forte comoção moral se juntava o excesso das fadigas que se havia imposto.

Joãozinho a olhava com grossas lágrimas, a ponto de desbordar das suas pálpebras.

Estava ela para morrer? Já tinha morrido?

Em seu coração profundamente emocionado pelo devotamento que Jhivajhãá sempre tinha tido e ainda tinha para com ele e que muito bem sabia e percebia pelas provas inequívocas e frequentes que ela lhe demonstrava, Joãozinho compreendeu logo que a presença dela, neste momento, devia ter uma grande significação e que era preciso algum acontecimento de monta, extraordinário e de uma excepcional gravidade, para que Jhivajhãá tivesse saído da aldeia, e ainda a pé, em sua busca.

Olhava-a com compaixão, cheio de uma dor afetuosa por um tamanho sacrifício cujo móvel não podia ainda conhecer nem adivinhar. Acariciava-lhe os cabelos e sentia-se impotente para chamar à vida este corpo inerte, que parecia haver sido tomado de um pesado sono letárgico.

Nele, porém, alguma coisa dizia-lhe que ela ia acordar, despertar deste sono, e que não tinha morrido.

Os índios haviam acendido um foguinho e, na roda assentados, ansiosos, esperavam com as suas caras tristonhas