A vida dos índios Guaicurus

Era Joãozinho que os havia lançado.

Silêncio completo. Nenhuma resposta fez-se ouvir.

Algumas vezes, acontece que uma perdiz enganada pela aparência e a perfeita imitação do seu canto, responde; mas os índios não se enganam e numa repetição sabem reconhecer, se é ou não o verdadeiro canto da perdiz.

Eles decidiram então atravessar o rio.

Na sua margem esquerda, o brejo é muito mais estreito. Não tem mais que uns vinte metros de largo, mais ou menos, e separa a parte matagosa dos últimos pendores do Morro, que são bastante abruptos, das beiradas muito baixas do rio.

Num instante, Joãozinho e o seu companheiro, ficam sumidos debaixo das frondosidades do mato que rodeia o Morro e sobe até o seu cume.

A gente da sua aldeia acha-se lá, escondida.

Até sua mulher e seus filhos lá estão também. Ele sabe-os em lugar seguro, mas é ansioso.

Desejaria vê-los, se comunicar com eles. O seu companheiro casado também sente as mesmas inquietações e está possuído dos mesmos desejos.

A distância que os separa é talvez ainda demasiado grande para que possam fazer-se ouvir.

Assim mesmo, Joãozinho, vai ainda tentar prová-lo uma vez mais, e aí está por que ecoa o canto do jaó.

Em curtos intervalos, o mesmo canto se renova e é repetido como se fosse o echo pelo seu companheiro.

Nenhuma voz responde. Ficam inquietos. Eles desesperariam mesmo, se não tivessem conhecido o mato e os numerosos esconderijos, todos muito seguros.

Mas o azar ou a sorte queria que a sua gente fosse acampada demasiadamente longe do ponto onde eles se achavam para que pudessem ser ouvidos.