A vida dos índios Guaicurus

carga para os cavaleiros, cada uma tendo a peito levar alguma coisa, e entravam triunfalmente na aldeia cantando, ou melhor, gritando, como já tivemos a oportunidade de fazê-lo notar.

Já tinha tido a ocasião de assistir a esta cena de uma chegada à aldeia: reparei muito particularmente que todas as mulheres possuíam um fraco pronunciado, para pegar de preferência as espingardas e as clavinas.

Quando a chegada não era anunciada com tiros, eram os cachorros que sempre precediam em cinco a dez minutos a vinda ou a aproximação dos seus donos.

Achei esse costume muito lindo, amável.

Demonstrava que uma mútua e grande afeição existia nestes seres rudes e toscos em aparência, de maneiras e de costumes rústicos, mas que debaixo deste aspecto estavam animados de uma mentalidade delicada, suscetível mesmo de ofender-se e de sentir vivamente até a menor e mais pequenina falta as "civilidades" admitidas entre eles, nos seus usos e costumes por um qualquer dos seus.

O índio - qualquer que seja a tribo a que pertence - posto em contato com gente civilizada — branca ou de cor — conserva sempre a maior impassibilidade na sua fisionomia e observa sempre uma reserva muito severa quando para ele a mesma correção é mantida.

O rigor desse comportamento vai diminuindo à medida que o contato se prolonga; e é somente quando se torna mais íntimo que o índio se revela, se descobre, se dá a conhecer e pode ser estudado moralmente.

Quando, nos primeiros contatos, o índio se sente à vontade por uma liberdade exagerada de fatos e gestos por parte dos brancos e estes tomam ou estabelecem com ele uma familiaridade excessiva, então o índio também se abandona ao seu caráter algumas vezes