A vida dos índios Guaicurus

Nestes momentos sentia nascer em mim um arrependimento tardio que procurava tomar o lugar do tenaz otimismo que me animava na saída, quando convidei meu companheiro a seguir-me no itinerário que lhe propusera.

Um vento forte se havia levantado e o tempo nos ameaçava de uma tempestade.

Eram agora mais de 4 horas da tarde e não acabávamos de sair desse carandazal que aparecia querer prolongar-se na nossa frente indefinidamente e que, às vezes e em certos lugares, os mais espessos e os mais apertados, nos víamos obrigados a abandonar nosso rumo até 30 a 40 metros, quer à direita, quer à esquerda, para livrar-nos da espinhosa vegetação.

O tempo continuava incerto. O céu estava coberto. Por causa desta circunstância, a noite chegaria mais cedo e ficaria mais escura.

Surpreender-nos-ia neste dédalo de ilhotes de matos fechados e espinhosos?

Sentia de novo recair em mim todo o peso de minha temeridade e de minha teimosia diante das consequências que as dificuldades amontoaram sob os nossos passos, no mesmo tempo que atrasavam a nossa marcha.

Sentia também a pesada responsabilidade a que me incumbia, porque era eu que em primeiro lugar havia procurado levar o meu amigo por esta rota duvidosa e arriscada, onde os perigos, podiam tornar-se muito grandes e tomar mesmo uma gravidade trágica.

E eu estava, perguntando-me se nos havíamos mantido sempre, apesar de todas as precauções tornadas, apesar de nossa constante atenção, na linha reta, prosseguindo na direção que nos damos como base?

Quem sabe, dizia-me, se não nos temos desviado para um lado, ou para outro?