Nossos dois práticos despiram-se e montaram a cavalo; já prontos, Maneco entra primeiro no corrixo, e, atrás dele, Benevides toca os outros cavalos e os bois que antes haviam sido desselados.
Olhando a manobra, ficamos na beirada.
Muito antes de chegar ao meio do corrixo, os animais estiveram na necessidade de nadar. As ervas e os camalotes os estorvavam muito, obrigando-os, sobretudo os que andavam na frente, a fazer esforços enormes para romper essa vegetação aquática. Os cachorros não quiseram ficar atrás; logo atiraram-se na água para seguir os seus donos.
De repente nossa atenção foi chamada por gritos de dor que um deles lançou, e, no mesmo instante, vimos por trás do queixoso avermelhar-se a água. Quase logo, ao mesmo tempo, um outro gritou também e atrás dele a água tingiu-se de sangue.
Entrementes, Benevides e seu filho tinham chegado à margem oposta. Amarraram, depois de tê-los pegado, os bois e os cavalos e, com os seus mesmos animais, voltaram ao nosso lado. É agora que, para nós, tinha chegado a hora crítica.
Tratava-se da nossa travessia.
Com o couro de boi que cobria a carga - isto é, com a sobrecarga - fez-se uma "pelota". Num instante as bordas do couro foram levantadas e asseguradas nesta posição com tiras que Maneco, com destreza e prática, tinha cortado num outro pedaço de couro que para esses fins trazia de propósito.
Pronta a pelota, carregou-se nela as barracas, as malas, toda a bagagem e mantimentos que levávamos, e por cima, meu companheiro e eu mesmo nos assentamos. Maneco, já despido, ajuda o seu pai a empurrar a pelota na água e logo, nadando vigorosamente, puxou-a à outra