A vida dos índios Guaicurus

cada lado do presépio onde uma bonequinha de porcelana representava o menino Jesus.

Depois de vários ensaios e tentativas sem resultado, convencidas de que não lograriam produzir senão animais disformes, monstruosos, sem semelhança alguma com nenhuma das espécies atualmente vivas e certamente com nenhuma das desaparecidas, pertencentes às épocas pré-histórica ou antediluviana, vieram procurar-nos.

Apelando para a nossa amabilidade e para o que supunham ser o nosso desejo de lhes ser agradáveis, e achando sem dúvida que possuíamos a arte inata dos artistas modeladores, nos suplicaram que lhe fizéssemos os jumentos e bois.

Embora submetidos à prova de maneira tão repentina, como podíamos recusar-nos?

As nossas alegações de incompetência, a que de forma nenhuma queriam dar crédito, não serviam senão para que elas reforçassem as suas insistências.

Assim, pois, nos vimos na necessidade de obedecer às meninas, para não nos desacreditarmos e não fazer cair as suas ilusões quanto ao nosso talento artístico.

Tomando então a argila, já amassada e reamassada pelas suas mãos inábeis, cada um de nós, meu companheiro e eu, esforçamo-nos por criar alguma coisa que tivesse semelhança, ainda que longínqua, com os animais cujo bafo quente temperava outrora o ambiente do ar, no estábulo de Belém.

Depois de cada tentativa de modelagem, seja de um boi ou seja de um jumento, parávamos o aperfeiçoamento do animal de argila logo que explodiam as primeiras exclamações com que testemunhavam as meninas o seu contentamento e a satisfação que sentiam em ver trabalhos tão bonitos! Tão perfeitos! E, sobretudo, tão semelhantes!